Tuesday, July 19, 2011

Deutsche Welle desiste das ondas curtas

31 de outubro de 2011. Esta data está na minha agenda. Às 22h, tempo universal (UTC), meu radio de ondas curtas estará sintonizado na frequência de 17.820 khz para ouvir a última transmissão em alemão da Deutsche Welle em ondas curtas para a América do Sul. Depois de reduzir pela metade o tempo diário de transmissão em sua língua nativa no ciclo de transmissões do verão no hemisfério norte, a emissora vai abandonar completamente as transmissões em ondas curtas na língua de Goethe quando iniciar o ciclo de transmissões do inverno no hemisfério norte, dia 1º de novembro.

No release da Deutsche Welle a respeito da decisão, a emissora informa que “no dia 1º de novembro de 2011 vai descontinuar as transmissões em ondas curtas em alemão, russo, farsi e em indonésio. Em inglês as transmissões se limitarão à África. Os tempos de transmissão da programação em chinês serão reduzidos de 120 para 60 minutos”. Considerando todas as línguas, o tempo total de transmissão da emissora será reduzido de 260 horas diárias para 55.

O comunicado também informa que os parques de transmissão da DW em Sines (Portugal) e Trincomalee (Sri Lanka) serão fechados, já que seus serviços deixam de ser necessários. Para as transmissões que serão mantidas, os transmissores de Kigali (Ruanda) são suficientes. Os serviços contratados com outras empresas que realizam as transmissões em ondas curtas para a DW também não serão mais utilizados.

Os recursos poupados, pela promessa da emissora, serão reinvestidos em nova estratégia: oferecer mais canais de tv e fazer parcerias para oferecer conteúdo em emissoras FM. Veja a íntegra do release neste link.
Não é um assunto simples, ao menos para os amantes das ondas curtas. Mas, por outro lado, nenhum mercado segmento está sofrendo tamanha revolução como o da comunicação em termos técnicos e de hábitos dos consumidores. Assim, embora eu adore a emoção de sintonizar uma transmissão em ondas curtas, imaginando a longa viagem feita pelas ondas eletromagnéticas, também tenho um rádio de internet, que me propicia experiências extraordinárias – independentemente das condições de propagação na ionosfera. Afinal, quem não gosta de um som cristalino em estéreo? Ou da praticidade de baixar um podcast e levar para ouvir em um minúsculo aparelho que cabe no bolso da camisa? Mas eu esperava que as duas tecnologias pudessem conviver por um pouco mais de tempo.

Independentemente da tecnologia usada para fazer chegar o conteúdo aos ouvintes, me preocupa muito mais a forte redução na oferta de conteúdo pelas tradicionais emissoras internacionais. Produzir material de qualidade custa caro, provavelmente muito mais do que a energia gasta pelos potentes transmissores de ondas curtas. Quando a DW reduziu pela metade o tempo de suas transmissões diárias em alemão, provavelmente para que os ouvintes fossem se acostumando com a drástica notícia que se seguiria, descontinuou excelentes programas, que não podem mais ser acessados pelos seus ouvintes, nem no seu portal de internet, nem em lugar nenhum. Assim, não estou muito otimista quando a empresa promete reinvestir os recursos poupados ao abandonar as ondas curtas. Não parece que haverá mais produção de novos conteúdos para tv, embora a intenção de maior sinergia entre DW TV e as empresas públicas de comunicação ARD e ZDF seja lógica e, provavelmente, positiva.

Termino este post com uma gravação, feita em Florianópolis, da DW em alemão, gerada em Cypress Creek, na Carolina do Sul (USA). Quem transmite a programação é a World Harvest Radio International, emissora religiosa, que tem gerado o sinal mais forte para a para emissora alemã em ondas curtas na América do Sul ao longo dos últimos anos. A transmissão inicia com o prefixo da WHRI e foi feita a partir das 21h59 UTC no dia 4 de junho de 2011, na frequência de 17.820 khz.

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